UNIDADE, 40 ANOS DE PUBLICAÇÕES – ASPECTOS HISTÓRICOS

A ideia sobre a criação da Revista Unidade surgiu, em fins de 1979, por iniciativa de um grupo de oficiais da Brigada Militar, visando à criação de um veículo de difusão de assuntos técnicos de polícia militar, a fim de divulgar novas concepções, conhecimentos, ensaios e estudos relativos a esse ofício no campo da segurança pública. Assim, propiciaria o enriquecimento profissional e a atualização dos integrantes da Instituição, diante da evolução tecnológica da sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, pretendia despertar o hábito de escrever sobre as experiências vivenciadas na atividade funcional, oferecendo às gerações futuras uma base segura para o desenvolvimento de uma cultura científica de polícia militar. Tais objetivos foram registrados no editorial da primeira edição. A reunião preliminar desses oficiais foi realizada na sede do 9º Batalhão de Polícia Militar, em Porto Alegre, em 11 de fevereiro de 1982, sendo esta data considerada o marco inicial do surgimento da Revista Unidade. A partir de março do mesmo ano, as reuniões passaram a ocorrer na Academia de Polícia Militar. Sua organização inicial foi desenvolvida pelo capitão de polícia militar Santos Roberto Rocha, primeiros-tenentes de polícia militar Francisco de Paula Fernandes Neto, Moacir Almeida Simões e Reuvaldo Antônio Vasconcellos Ferreira; e o segundo-tenente de polícia militar Paulo Rogério Machado Porto. Nesse estágio, estabeleceram-se as metas básicas para a concretização de tal empreendimento que, até então, não passava de uma simples proposta, conforme ficou circunstanciado nas atas das reuniões. Algum tempo depois, outros oficiais que se identificavam com esse projeto associaram-se ao grupo. A escolha do seu nome passou por um criterioso processo. Sua denominação deveria identificar, com a maior fidedignidade possível, sua finalidade - a construção de uma identidade e uniformidade de doutrina relacionada aos ideais institucionalizados de polícia militar, e da harmonia necessária e participativa com os agentes de segurança pública envolvidos em atividades policiais-militares. Nesse contexto, o coronel Jerônimo Carlos Santos Braga, diretor-presidente da Unidade, reuniu-se com o comandante-geral da Brigada Militar com o intuito de fazer uma explanação sobre o periódico. A proposição foi aceita pelo Comando da Corporação, com certo receio, uma vez que ainda se vivia sob os efeitos do pós-1964. Esses foram os primeiros passos de uma longa caminhada em busca deste desiderato, que se materializaria com a circulação efetiva da Revista. Finalmente, em abril de 1983, após 11 meses de intensos preparativos, foi publicada sua primeira edição, com tiragem de 3 mil exemplares, que abordou os seguintes temas: O radiopatrulhamento aéreo, do capitão Hugo Dias de Castro; Princípios da estrutura operacional básica PM, do primeiro-tenente Edson de Freitas Furtado e do segundo-tenente Vanderlei Martins Pinheiro; e Critérios para o estabelecimento de limites de subárea (SA), do major Sérgio Luiz Gomes Moreira. Em 1986, adquiriu personalidade jurídica, constituindo-se em sociedade civil de tempo indeterminado, sem fins lucrativos, com o escopo de pesquisar e divulgar assuntos técnicos referentes a atividades de polícia militar, bem como, registrar fatos históricos relacionados à Brigada Militar e demais organizações policiais. Inicialmente, foram necessários muito esforço e dedicação de seus idealizadores. Naquela época, não se dispunha de equipamentos avançados como, por exemplo, computadores. Destarte, as matérias para publicação eram datilografadas pela da direção da Revista. Para a circulação das primeiras edições, ante ao desconhecimento da sua existência e pela falta de um processo sistematizado de veiculação, foi desenvolvido um trabalho corpo a corpo junto aos órgãos da Brigada Militar. Com o passar do tempo, tornou-se conhecida em toda a Corporação, fora do Estado e até mesmo no exterior. Sem sombra de dúvidas, a projeção conquistada pela Revista Unidade deve-se ao interesse despertado por seus leitores, em consequência da qualidade dos conteúdos apresentados, da singularidade deste tipo de veículo de informações e, ainda, da preservação da fidelidade de seus intentos, mantidos desde a sua criação. Nesse sentido, o coronel Antonio Codorniz de Oliveira Filho, comandante-geral da Instituição manifestou-se, no editorial nº 5 por meio do texto intitulado “A semente que vingou”, afirmando que: “Ao declararmos nosso aplauso à iniciativa, o fazemos na certeza de que a UNIDADE continuará atingindo seus objetivos de forma cada vez mais ampla, ao mesmo tempo em que parabenizamos toda a equipe do conselho técnico-editorial e colaboradores desse importante instrumento cultural”. Ao completar dez anos, a Unidade publicou sua 14ª edição, que fazia alusão a este marco histórico, por demais significativo. Não obstante a falta de regularidade na sequência de suas edições, mas sem solução de continuidade, inegavelmente estavam construídas as colunas mestras desse empreendimento que contava com 1.220 assinantes. Em 11 de fevereiro de 1997, ao comemorar 15 anos de profícuos trabalhos em prol do engrandecimento cultural dos policiais militares, contava com 32 edições bem sucedidas, sem perder de vista o propósito que lhe dera origem, e cerca de 2 mil assinantes, sendo 1.800 destes no âmbito da Brigada Militar. Os 20 anos de existência da Unidade foram celebrados com o lançamento de um CD-ROM contendo as publicações ocorridas entre 1982 e 2002. Para tanto, a árdua tarefa de digitação das matérias foi dividida e realizada por sua diretoria, naquela ocasião. Cabe salientar, ainda, que, em 15 de maio de 2009, o periódico lançou o primeiro concurso de artigos científicos sobre polícia, bombeiros e segurança pública em geral, com abrangência nacional, que foi um sucesso. Não obstante um período no qual não ocorreram publicações, por problemas de ordem técnica, entre os anos de 2012 e 2015, a Revista retomou suas atividades e, hoje, com 40 anos de existência, mantém a mesma vontade dos seus idealizadores, que não imaginaram tal longevidade. Por fim, torna-se indispensável que acreditemos nos ideais plantados naquela ocasião. Muito ainda precisa ser feito em prol da consolidação da nossa cultura policial-militar. Ora, o sistema de segurança pública implantado no Brasil, a partir da Constituição de 1988, até pela sua dinâmica, ainda carece de definições políticas importantes para o seu funcionamento como um todo. A rigor, a nova formatação do Estado brasileiro começado com essa Carta Política, ainda se encontra em processo de formação.

Direção da Unidade